Taxa de recusa na doação de órgãos da Santa Casa de Araçatuba é menor que a média nacional
Foto divulgação
Hospital realiza trabalho de conscientização junto às famílias de doadores em momentos de extrema sensibilidade
Da redação Diego Alves
Nesta sexta-feira (27), comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data criada para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos e, ao mesmo tempo, incentivar que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Referência entre as 150 CIHDOTTs (Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) e as 10 OPOs (Organizações de Procura de Órgãos), a Santa Casa de Araçatuba registra há nove anos um aumento gradual nas doações e captações, graças à visibilidade dada ao tema, que até recentemente era cercado de tabus. A divulgação foi intensificada a partir de 2015, com a criação da CIHDOTT no hospital.
Formada por médicos e três enfermeiros, a CIHDOTT da Santa Casa de Araçatuba atua em diversas frentes, desde a busca ativa de potenciais doadores até a realização de entrevistas com os familiares. O objetivo principal é esclarecer dúvidas e oferecer a opção de doação em um momento de perda. Além disso, a equipe garante a manutenção dos órgãos em condições ideais até a chegada das equipes responsáveis pela captação. “Nossa missão é cuidar não apenas dos pacientes, mas também das famílias, proporcionando um espaço de acolhimento e diálogo aberto. A doação de órgãos é um ato de amor e generosidade que pode transformar vidas”, afirma o professor-doutor Rafael Saad, coordenador da Comissão.
Os esforços refletem no número de doações realizadas. Entre 2007 e 2014, o hospital tinha uma média de apenas um doador por ano. Com a reestruturação da CIHDOTT, essa média subiu para 14 doadores anuais, resultado direto do trabalho de conscientização e organização interna. Em nove anos de atuação da Comissão, a Santa Casa de Araçatuba realizou 233 captações de órgãos, beneficiando mais de 460 pessoas. “Esse trabalho não é só da equipe hospitalar, mas também das famílias que disseram sim, permitindo que vidas fossem salvas”, ressalta o Dr. Rafael.
Em 2024, até o final de setembro, já foram realizadas 10 doações e captados múltiplos órgãos, como rins, fígados, córneas e corações para valvas cardíacas, beneficiando mais de 35 pacientes. O hospital também mantém, em parceria com a Prefeitura de Araçatuba, um programa para captação de córneas em óbitos por parada cardíaca.
Para Saad, a chave para continuar avançando é a conscientização. “O mais importante é que as pessoas conversem com suas famílias sobre o desejo de serem doadoras. Quando a família sabe dessa decisão, é mais fácil tomar a escolha correta no momento certo, e isso pode salvar vidas. A doação de órgãos é um gesto de solidariedade que precisa ser disseminado.”
A atuação da Santa Casa de Araçatuba é um exemplo de como a sensibilização familiar, aliada a uma equipe capacitada e ao trabalho humanizado, pode mudar o cenário da doação de órgãos no país. A instituição segue contribuindo para que mais pacientes tenham a chance de receber um órgão e, com isso, uma nova oportunidade de vida.
O coordenador da CIHDOTT explica a importância desse trabalho, especialmente neste 27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos. “Atualmente, mais de 65 mil pessoas aguardam na fila por um transplante no Brasil, incluindo mais de mil crianças. A maioria dos órgãos doados vem de pacientes com morte encefálica, que ocorre devido a traumatismos crânio-encefálicos ou acidentes vasculares cerebrais. Após a confirmação desse quadro, que segue critérios rigorosos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, abordamos as famílias para falar sobre a possibilidade da doação.”
A recusa familiar é um dos maiores desafios na captação de órgãos. “Quase metade das famílias brasileiras ainda diz não à doação de órgãos. Aqui na Santa Casa, temos trabalhado intensamente com uma equipe multiprofissional para abordar as famílias e reduzir essa recusa. Como resultado, conseguimos manter nossa taxa de recusa em torno de 22%, muito inferior à média nacional, que é de 45%”, relata Saad.
O objetivo principal da CIHDOTT é esclarecer dúvidas e oferecer a opção de doação em um momento de perda. Além disso, a equipe garante a manutenção dos órgãos em condições ideais até a chegada das equipes responsáveis pela captação. “Nossa missão é cuidar não apenas dos pacientes, mas também das famílias, proporcionando um espaço de acolhimento e diálogo aberto. A doação de órgãos é um ato de amor e generosidade que pode transformar vidas”, complementa.
A atuação da Santa Casa de Araçatuba é um exemplo de como a sensibilização familiar, aliada a uma equipe capacitada e ao trabalho humanizado, pode mudar o cenário da doação de órgãos no país. A instituição segue contribuindo para que mais pacientes tenham a chance de receber um órgão e, com isso, uma nova oportunidade de vida.
Capacitação
Como parte das ações para ampliar a divulgação do Setembro Verde, mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, a CIHDOTT promoveu a palestra “Diagnósticos de Morte Encefálica e a Importância da Doação de Órgãos”, ministrada pelo Dr. Rafael Saad para médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares e técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, estudantes e demais profissionais da área.
O evento faz parte do processo contínuo da Santa Casa de Araçatuba de capacitar permanentemente as pessoas envolvidas no processo de doação de órgãos. “É fundamental que todos, especialmente aqueles que atuam em unidades de emergência e terapia intensiva, compreendam o processo de morte encefálica, saibam identificar quando há suspeita e nos comuniquem adequadamente. O treinamento é essencial para garantir que haja uniformidade no entendimento, nas condutas e na forma de lidar com o paciente e a família”, explica.
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