Artigo Reflexão “Deixar para trás”

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Filipenses 3.13-14
Por: Adi Éber Pereira Borges
Por esses tempos atrás, eu me peguei preso em algumas questões do passado; a mente vagava e me trazia alguns desconfortos. Minha esposa, perspicaz como é, logo me deu um conselho que me valeu muito: “Esquece isso, deixa essas coisas pra trás, o que passou, passou”. Que coisa incrível, suas palavras me fizeram um bem danado! Claro, pra que ficar remoendo algo que não se tem como mudar? Pra que ficar atormentado por algo que já foi resolvido? Deixemos o passado descansar e sigamos em frente.

Nesse tempo quaresmal somos convidados a deixar para trás o que não serve mais, e a correr em direção ao futuro. Rumo a meta em Cristo Jesus. Essa é a orientação apostólica. Aqui temos duas dimensões de um mesmo problema; há aquelas pessoas que ficam presas ao passado por erros cometidos ou situações que lhes fizeram muito mal, mas há também aquelas que se cobram constantemente por uma perfeição ainda não alcançada.
O Apóstolo poderia, numa atitude de falsa superioridade, se colocar perante as igrejas como alguém que já tivesse alcançado a perfeição, a final de contas ele era apóstolo por vontade de Deus. Mas a troco de que? Ele sabia quem ele era e também Deus o sabia muito bem.
Sendo realista, é transparente com os leitores filipenses: “Não vivo, ainda, a plenitude da vontade e dos propósitos divinos, mas estou a caminho; não ficarei estático, mas sigo em frente para alcançá-los”. Seguir em frente significava abrir mão do passado, deixar para trás aquilo que já foi, até porque, há muitas coisas que o condenaria e o desqualificaria ser apóstolo.
Paulo contava com duas coisas essenciais que o ajudava a prosseguir para o alvo: a primeira era o perdão de Deus, simples assim, Deus o havia perdoado de seu passado nada louvável, agora ele era uma nova criatura por conta dos méritos de Cristo Jesus; a segunda era que ele próprio havia se perdoado, ele entendeu que não havia necessidade de ficar carregando o fardo da culpa, agora estava disposto a viver conforme a vontade de Deus. Agora estava livre para viver um tempo novo; é isso que o perdão faz, liberta.

Devemos aproveitar esse tempo de reflexão pessoal ao qual a Quaresma nos convida, e introspectivamente, descobrir se não estamos arrastando, preso em nossos ombros, questões do passado que já não nos serve mais.
Culpas, dilemas existenciais, traumas, ofensas, rancores e acusações? Quem nãos os teve que atire a primeira pedra. De Deus ouvimos “Eu também não te condeno”, siga em frente, o que passou, passou. Não se condene, se arrependa, receba o perdão e viva o novo de Deus.
Rev. Adi Éber Pereira Borges†