Artigo Reflexão “Mudança de hábito”

“Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante”. 1 Coríntios 15.45
Por: Rev. Adi Éber Pereira Borges
A nossa primeira reação e desejo quando se trata de nossos algozes e ofensores é a vingança e a “justa” retribuição da ofensa ou mal praticado contra nós. Quando tomamos ciência do ocorrido, logo a ira sobe, o sangue ferve e os nervos ficam à flor da pele; reagimos quase instintivamente e das formas mais predatórias que possa surgir na hora. Reagimos assim porque estamos vivos, nos dizeres do apóstolo Paulo, somos alma vivente.

Até hoje, nosso primeiro instinto ao ver uma serpente é matá-la. Sabemos que ela nos fez e nos fará mal. Queremos vingança, pois não a vemos com bons olhos; talvez, não nos damos bem em nossas relações humanas justamente porque vemos no outro a culpabilidade de nossas mazelas. Então queremos, a todo custo, que o mal seja reparado pela vingança, olho por olho, dente por dente. Repare bem, estamos a todo momento transferindo a culpa e a responsabilidade para os outros. Muitas vezes o desejo é de morte mesmo, do outro.
Isso vem se desenrolando desde os primórdios da humanidade; a primeira humanidade, Adam, passou a ser vivente nesse mundo com direito às escolhas, e nessas escolhas permitimos nos enganar e tudo veio abaixo. Nos tornamos vivos mortos nesse mundo, como zumbis passamos a existir com maus hábitos e um jeito muito prejudicial em relação aos nossos semelhantes e a própria criação de Deus; não conseguimos, se quer, cuidar da nossa casa comum.
Vamos sobrevivendo…
Pela misericórdia divina, surge uma nova possibilidade de vida; em Jesus Cristo, o Filho e o Messias de Deus, nasce a viabilidade de uma nova humanidade, segundo Adam, essa vem com espírito vivificante. Agora não é apenas uma vivência biológica, mas uma vida que se renova a cada dia para a eternidade, o espírito vai se vivificando a cada novo dia se tornando plena.

Daí nasce também a possibilidade de uma mudança de hábito; a alma vivente que gosta da vingança e se deleita com o pagamento do mal com o mal, agora dá lugar a uma novidade de vida que vive contra a cultura do desamor. Antes odiava os seus verdugos e desejava o mal a eles, agora entendeu que é preciso perdoar e amar os seus inimigos. Antes tinha reduzida capacidade de reconhecimento do outro, especialmente dos dramas e dores do outros. O primeiro Adão é bom de briga, aprendeu a se virar nas ruas e esquinas da vida e, por isso, com ele, as coisas funcionam na base do “deu levou”, do “milho pouco, meu pão primeiro”, do “amigos, amigos! Negócios à parte”, do “se for para chorar, que chore o outro”. Agora, ao contrário, busca cultivar um coração alargado. É o espírito do encontro, do serviço, da solidariedade, da ousadia, da doação. Assume a vocação da comunhão, mesmo que isso signifique passar por cima do seu orgulho; mudança de hábito.
Rev. Adi Éber Pereira Borges†