Cia. Mundu Rodá apresenta o espetáculo Hileia: semeadora das águas no Sesc Birigui
Hileia: semeadora das águas, travessia convocativa a um mergulho estético por nossas memórias (Foto: João Maria)
Juliana Prado, da Cia Mundu Rodá, encena “Hileia: semeadora das águas”, um mergulho estético nas memórias coletivas de água, vida e transformação, além de uma oficina que explora a prática reflexiva; espetáculo será nesta quinta (26), e os ingressos já estão a venda.
Oficina será na sexta (27), gratuita e com retirada de senhas
Da redação Diego Alves
O Sesc Birigui apresenta nessa quinta-feira (26), a partir das 20h, no Teatro do Sesc Birigui, espetáculo “Hileia: semeadora das águas”, encenado por Juliana Prado. Os convites estão à venda pela internet e presencialmente na unidade, a partir de R$ 15.
A peça retrata a história de Hileia, uma mulher que, prestes a perder a visão herda uma coleção de rios engarrafados que sua avó reuniu ao longo da vida. Impactada pelo acervo, ela cria um altar para os objetos e começa a adorá-los, até ser transportada para uma realidade paralela, onde se transforma em um ser híbrido: metade bicho, metade planta e metade água. Navegando pelos rios soterrados de São Paulo, o espetáculo entrelaça a história de mulheres-rio através de diferentes gerações.
A obra explora também a construção de São Paulo sobre rios soterrados, apagando os “caminhos líquidos” da cidade e criando um cotidiano árido e congestionado. Assim como os ribeirinhos de Hileia, os rios canalizados e assoreados da cidade estão em estado de coma, gerando uma situação semelhante.
Hileia é um movimento e uma travessia que nos convoca a um mergulho estético por memórias que são nossas e de todos: o útero, o mercúrio, a seca, a enchente…a água – como transcrever o trecho do material da cia.
O Texto
A histórias do avô da atriz Juliana Pardo, vaqueiro que percorria todo o território brasileiro, e “recolhia” as águas dos rios por onde passava, lembranças, em garrafas de vidro. Colecionador de rios, o avô transmitiu essa prática para a própria neta, que agora disso o eixo do argumento do espetáculo aqui apresentado.
Falar de água, falar de Hileia – para nós – é também falar sob a Mulher, o útero, a vida. Na vida real da artista Juliana Pardo, a figura que guardava águas de rios em garrafas é seu avô Francisco Teles, mas na ficção proposta pela dramaturga Dione Carlos, a AVÓ de nome Hileia é quem coleciona os rios nos potes de vidro. Assim a obra interpõe mais camadas trazendo as questões emergentes sob “ser mulher” em um mundo onde ainda são silenciadas pelo machismo, pelo medo e pelo poder patriarcal há muitas gerações.
“Dos meus antepassados, que semeavam rios por onde passavam, das vozes ancestrais que tanto nos alertam, e nos ensinam – peço licença para evocar memórias de mulher rio. Da inquietude de transformar a mim e o que puder alcançar, lançamos sementes de águas para que possamos colher rios”, afirma Juliana Pardo.
Os ingressos podem ser adquiridos no Portal Sesc (sescsp.org.br/birigui), no aplicativo Credencial Sesc SP e presencialmente nas bilheterias do Sesc Birigui e do Polo do Sesc em Araçatuba. Os valores são de R$ 15 para Credenciados Plenos do Sesc, R$ 25 para meia-entrada e R$ 50 o ingresso inteiro.
Política de meia-entrada
O Sesc SP oferece o desconto de meia-entrada (50%) para estudantes, portadores de ID Jovem, servidores de escola pública, aposentados, pessoas com 60 (sessenta) anos ou mais, e pessoas com deficiência e o seu acompanhante. É imprescindível a apresentação do documento que comprove o direito ao desconto na entrada da atividade. Caso o documento comprobatório não possua foto, é necessário apresentar documento oficial com foto para comprovação da identidade. A comprovação do desconto é pessoal e intransferível, não podendo ser estendida para terceiros.
Caso não seja comprovado o direito ao desconto, será necessário complementar o valor do ingresso, presencialmente nos pontos de venda indicados pela unidade do Sesc SP. São comprovantes aceitos para ingressos com desconto: carteirinha de estudante, carteirinha escolar do ano ou semestre em vigor, comprovante de matrícula ou de pagamento de mensalidade, comprovante ID Jovem, carteira funcional ou holerite para servidor de escola pública, comprovante de aposentadoria e documento de identidade para pessoas com mais de 60 (sessenta) anos.
Sobre a oficina
Além do Espetáculo, a dupla criadora comandará a oficina Corporeidades dissidentes: técnica, tradição e poética brasileira, na sexta (27) às 19h. O trabalho técnico-poético envolve práticas de teatro, dança e música, criando composições corporais e cênicas. O encontro inclui exercícios de transformação do peso em energia, dinâmicas de ação no tempo e espaço, improviso e presença cênica, com acompanhamento de música ao vivo, explorando cantos e ritmos tradicionais
Sobre a Cia. Mundu Rodá
A Cia. Mundu Rodá, fundada em 2000 por Juliana Pardo e Alício Amaral, realiza um trabalho de pesquisa contínuo que contribui para a arte brasileira contemporânea, desafiando padrões eurocêntricos. A companhia desenvolve uma linguagem cênica própria, baseada nas manifestações tradicionais brasileiras como teatro, dança e música. Suas pesquisas e intercâmbios resultam em uma metodologia que integra saberes ancestrais e contemporâneos, incorporando princípios físicos e biomecânicos das tradições populares em suas práticas artísticas e pedagógicas. As criações da Mundu Rodá são uma referência no Brasil e no exterior por combinar tradição e inovação, rompendo barreiras entre linguagens artísticas e estilos. A companhia esboça novas formas de expressão contemporâneas da arte brasileira e se destaca por sua ampla atuação pedagógica.
Confira a programação completa em http://www.sescsp.org.br/birigui.
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