Em dez anos, CIHDOTT da Santa Casa deAraçatuba captou 356 órgãos transplantados

Foto: divulgação
Da redação Diego Alves
No Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado neste sábado (27), a Santa Casa de Araçatuba destaca a importância desta data, criada para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos e, ao mesmo tempo, a efetiva contribuição da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), que completa dez anos, em relação às necessidades de uma das filas mais angustiantes do país: a espera por um ou mais órgãos para salvar vidas.

Criada em 2015, data da organização de hospitais da rede SUS capacitados para captar órgãos de pacientes com morte encefálica constatada por meio dos vários exames previstos pelo protocolo utilizado nacionalmente para investigação, a CIHDOTT captou, até 24 de setembro deste ano, 356 órgãos que foram efetivamente transplantados em pacientes compatíveis e regulados pela Central Nacional de Transplantes. Os rins lideram com 213 órgãos captados. Em seguida, estão fígado (84), coração (17), pulmão (6) e pâncreas(6).
O número de vidas salvas e/ou com melhora significativa da qualidade cresce ainda mais quando somados aos tecidos que a comissão conseguiu captar através de abordagens e entrevistas de familiares após a constatação da morte encefálica de pacientes.
Foram 240 captações dentre córneas (205), válvulas cardíacas retiradas de corações de 28 doadores e que resultaram em 56 válvulas transplantadas em pacientes com insuficiência cardíaca; e ossos captados em 7 doadores. Se mantidos em temperatura de -80 graus, os ossos poderão, no período de cinco anos, beneficiar dez pessoas.
Formada pelo médico coordenador dr. Rafael Saad e os enfermeiros Cristiani Jesus dos Santos, Daiane Tescaro Almeida e Matheus Araújo Tonon, a CIHDOTT tem o suporte de especialistas e da rede diagnóstica da Santa Casa para realizar a investigação feita por médicos qualificados para a realização do protocolo de morte encefálica e com experiência de tratamento de pacientes em coma.

De acordo com o protocolo, a morte encefálica é determinada por dois exames clínicos realizados por médicos diferentes, com um intervalo de tempo que varia conforme a idade do paciente; teste de apneia para confirmar a ausência de movimentos respiratórios e exame complementar como eletroencefalograma (EEG), doppler transcraniano ou angiografia cerebral, que é obrigatório para comprovar a ausência de atividade cerebral.
FILA DE ESPERA
Até junho deste ano, a fila nacional de transplantes totalizava 71.745 pessoas à espera de rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas e córneas. O estado de São Paulo lidera com 26.541 pessoas que dependem dos órgãos para continuar vivendo ou conquistar qualidade de vida. O rim é o órgão com maior demanda dentre os pacientes da fila de espera. Em todo o país, são 38.349, dos quais 308 são da faixa etária pediátrica. A fila paulista tem 146 crianças e 19.038 adultos que precisam de transplante renal.
A elevada taxa de recusa familiar à doação é o principal obstáculo para efetivação da doação na maioria dos estados, enquanto em outros persiste a dificuldade na identificação e realização dos testes para diagnóstico de morte encefálica. Segundo dados de junho de 2025 da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), a taxa de recusa nacional é de 45%, isto é, a cada dois pacientes com morte encefálica confirmada, um não tem seus órgãos doados por recusa da família.
Na Santa Casa de Araçatuba, graças ao trabalho da equipe multiprofissional, a taxa de recusa é significativamente menor, em torno de 22%. Desde 2015, 152 famílias disseram “sim” à doação, resultando em 141 captações de órgãos e tecidos, beneficiando mais de 600 pessoas no estado de São Paulo.

FILA ÚNICA
A fila de transplantes de órgãos é pública, ou seja, abrange pacientes do SUS, convênios privados e particulares, sendo regulada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), estrutura do Ministério da Saúde responsável por normatizar, acompanhar e monitorar todas as etapas do processo, garantindo que a fila seja única e que os critérios de prioridade, como a gravidade clínica do paciente, sejam respeitados para uma distribuição ética e transparente de órgãos.
Total de órgãos captados e efetivamente transplantados
2015-2025
Rim – 213
Fígado – 84
Coração – 17
Pulmão – 6
Pâncreas – 6
Total – 326
Total de tecidos captados
2015-2025
Córneas – 205
Válvulas cardíacas – 28 doadores, totalizando 56 unidades.
Ossos – 7 doadores. Cada doador pode ajudar mais de 10 pessoas.
Total dentre órgãos e tecidos – 566
Tempo para que seja realizado o transplante após a captação.
Coração – 4 horas
Pulmão – 4 a 6 horas
Fígado – 12 horas
Rins – 24 a 36 horas
Córneas – até 14 dias
Ossos – 5 anos se mantidos a – 80ºC







Compartilhem, deixe seu Like