Espetáculo reflete o contato entre o homem brancoe os povos indígenas no Sesc em Birigui
Foto: Divulgação
Da redação Diego Alves
Dando continuidade à programação do Agosto Indígena, o Sesc Birigui realiza nesta semana mais atividades de valorização da diversidade dos povos originários no Brasil. O destaque é a presença do multiartista potiguara Juão Nÿn, com apresentação de um espetáculo que promove uma reflexão sobre a história da resistência dos povos originários.
Em Contra Xawara: Deus das doenças ou troca injusta, Juão Nÿn manifesta impactante crítica às primeiras colonizações europeias, responsáveis pela dizimação de inúmeros indígenas desde 1492. Inspirado na figura de Xawara, o deus das doenças na cosmovisão Yanomami, o ator utiliza um cocar composto por mais de 120 seringas que retratam as violências e pandemias que assolaram e continuam a ameaçar as populações indígenas.
A performance aborda a troca desigual entre colonizadores e indígenas, representada pelo mito do espelhinho trocado por ouro. Durante a apresentação, o artista propõe um escambo entre as agulhas do cocar por peças de roupas ou acessórios do público.
“Não estávamos todos nus, não cultuávamos os mesmos deuses, não falávamos as mesmas línguas, por que reagiríamos todos iguais ao nos oferecerem um espelhinho? O corpo é terra, mas também pode ser Caravela”, resume a sinopse.
O espetáculo Contra Xawara: Deus das doenças ou troca injusta será na quinta (22), às 20h, no teatro do Sesc. Entrada gratuita. A idade indicativa é 14 anos. Ao final do espetáculo, o público terá a oportunidade de participar de um bate-papo com Juão Nÿn, aprofundando as discussões trazidas pela peça.
Oficina
Nesta quarta (21), Juão Nÿn ministrará uma oficina que explora as raízes do teatro brasileiro a partir de uma perspectiva indígena. O ponto de partida é o questionamento acerca do teatro como conhecemos, que começou no Brasil com a chegada das caravelas e do cristianismo, e quais manifestações já existentes em territórios indígenas continham a tal da teatralidade.
Na atividade, os participantes são convidados a repensarem o teatro tradicional, traçando um paralelo com as manifestações culturais indígenas, como o Toré e os Toantes, que mesclam canto, rito e representação.
Juão Nÿn é ativista comunicador do movimento Indígena do Rio Grande do Norte, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa e vocalista/compositor da banda Androyde Sem Par. Há 10 anos em trânsito entre Rio Grande do Norte e São Paulo, é mestre do Terreiro Teatro Contracolonial na ELT (Escola Livre de Santo André), escreveu a dramaturgia Tybyra em 2020 e está terminando o 1° álbum solo, todo cantado em Tupi, chamado “Nhe’etimbó – Voz, Fumaça de Corpo” que deve ser lançado em breve.
Exibição
Como parte da programação do Agosto Indígena, hoje (20), tem exibição do documentário Gyuri, que conta a trajetória da fotógrafa e ativista suíça Claudia Andujar, que se exilou no Brasil e dedicou sua vida à defesa do povo Yanomami após a Segunda Guerra Mundial.
Seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos por meio de diálogos de Claudia Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart. A direção é de Mariana Lacerda.
Compartilhem, deixe seu Like