Assalto do ‘novo cangaço’ em Araçatuba faz um ano
Da redação Diego Alves
A madrugada do dia 30 de agosto de 2021 foi aterrorizante em Araçatuba (SP). Tiros de fuzil e estouros de bombas ecoavam a partir de Centro, chegando a todos os cantos da cidade. O mega-assalto resultou em três pessoas mortas: do educador físico Márcio Victor Possa da Silva, do empresário Renato Bortolucci, e de um dos criminosos.
De todas as ações efetuadas por quadrilhas do “novo cangaço” no ano passado no Brasil, a ação de Araçatuba é apontada como uma das mais violentas nos últimos anos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também por ter sido o que teve a maior quantidade de explosivos espalhados pelo território, mais de 100 dispositivos.
De acordo com fontes ligadas à polícia, o objetivo da organização criminosa era levar R$ 90 milhões de uma central de distribuição de cédulas dentro da agência do Banco do Brasil. Porém, os criminosos não contavam com o acionamento de um mecanismo de destruição das notas com lâmina e tinta, o qual impediu que o assalto fosse consumado.
A estimativa dos investigadores é que o grupo tenha roubado apenas R$ 2 milhões em dinheiro vivo e R$ 5 milhões em joias, incluindo da agência da Caixa Econômica Federal (Caixa). Nas operações de investigação deflagradas até o momento, a Polícia Federal (PF) prendeu ao menos 43 investigados e cumpriu mais de 95 mandados de busca e apreensão.
Apontado como um dos líderes do ataque, o ex-militar Ademir Luís Rondon foi incriminado após a identificação de material genético dele em um veículo responsável pelo armazenamento de armas e explosivos da quadrilha. Rondon foi preso pela Polícia Civil em outubro por suspeita de participar de um ataque a um carro-forte em São Carlos (SP).
A voz dele foi identificada em áudios captados por interferência de rádio amador na ação de Araçatuba.
FILHO MORTO
Desde aquele dia, a aposentada Margarete Possa (58), diz que se sente “anestesiada” e não sabe se conseguirá voltar a ser feliz.
O educador físico Márcio Victor Possa da Silva, morto na ação da quadrilha, era o seu filho único. Aos 34 anos, ele estava voltando de um evento juntamente com mais duas amigas, quando foi rendido pela quadrilha e feito refém. Colocado no capô de um dos veículos usados pelos bandidos, acabou sendo executado com 10 tiros.
“Uma sobrinha me deu a notícia. Foi desesperador. E, de verdade, não sei como estou em pé até hoje. É uma dor que não passa. Todo lugar por onde passo na cidade me lembra ele”, diz Margarete. Passado um ano do mega-assalto, familiares dos mortos, reféns sobreviventes – eles foram usados como escudos humanos pela quadrilha -, moradores e comerciantes da região central de Araçatuba, continuam traumatizados.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, 46 pessoas foram mortas em tentativas de crimes do “novo cangaço”, sendo 44 delas suspeitas de integrar essas ações, abatidos em confronto com as forças de segurança.
Fonte: Folha da Região
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