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A Genealogia da fofoca

Adelmo Pinho, promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo.

Da redação Diego Alves

Por Adelmo Pinho

Fofoca ou fuxico, consiste na divulgação de fatos da vida alheia, verídicos ou não, sem o respectivo consentimento. “Mário Fofoca”, por exemplo, foi um personagem (detetive) cômico da telenovela da rede Globo, “Elas por Elas”, de 1982, interpretado pelo saudoso ator, Luís Gustavo.

A fofoca costuma focar principalmente os famosos, os quais muitas vezes gostam ou até a cultuam, por publicidade. Pessoas comuns também podem ser alvos de fuxico. Este pode gerar consequências sociais graves, como discórdias, brigas, divórcios ou até assassinatos. A fofoca, a depender do conteúdo e contexto, pode configurar crime contra a honra (injúria, calúnia ou difamação).

Assim, aos fofoqueiros (as) de plantão, cuidado com o teor do fuxico! Há pessoas com perfil para a fofoca, como se o mexerico fosse algo congênito ou necessário a sua sobrevivência. Sabe-se que o controle sobre o pensamento é difícil, mas a “língua” pode ser contida mais facilmente, mesmo para os (as) profissionais desse “ramo”.

As chamadas, “Três Peneiras” de Sócrates (filósofo grego – 399 a 470 a.C), trata-se de uma metáfora bem adequada ao tema: “Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava do seu interesse: – Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu! – Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras. – Três peneiras? Que queres dizer? – Vamos peneirar aquilo que quer me dizer.

Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conhece, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade? – Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. – A segunda peneira é da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não? Envergonhado, o homem respondeu: – Deve confessar que não. – A terceira é a peneira da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo? – Útil, na verdade, não.

Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, é melhor que guardes apenas para ti”. Moral da história: quando for reproduzir algum fato relacionado a outra pessoa, verifique, antes, se é verdade, se é bom ou útil. Caso contrário, cale-se! 

Adelmo Pinho é promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo.

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